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Foto do escritorHenrique Debski

CRÍTICA | Zona de Risco, de William Eubank (Land of Bad, 2024)

Zona de Risco acerta na ação, mas exagera em seguir a cartilha dos anos 80 em pleno 2024.



Existe um enorme poder da indústria armamentista dentro dos Estados Unidos, conhecidos pelas participações durante as Guerras Mundiais, os conflitos da Guerra Fria e as intervenções no Oriente Médio e na África. Apoiando-se no patriotismo, sempre houve espaço nesse contexto para o cinema de guerra exaltar seus soldados heróis e histórias fascinantes dos conflitos vividos, que muitas vezes camuflam, até, uma propaganda militar.

 

Enquanto alguns criticam ferozmente essa indústria e a espetacularização da guerra, como Oliver Stone ou como Sam Mendes em “Soldado Anônimo” (que fortaleceu muitas bases para “1917”), outros optam por propagandear tais ideais, algo que se estende até aos videogames.

 

Em meio a essa enorme quantidade de filmes de guerra, “Zona de Risco” parece ficar no limiar entre o realismo violento e a exaltação de figuras heroicas, e chama a atenção pelos nomes envolvidos no elenco, encabeçado por Russel Crowe e Liam Hemsworth.

 

O texto assinado por David Frigerio e William Eubank, este também o diretor, se desenrola a partir de uma estrutura narrativa pautada na cooperação entre um soldado da Força Aérea (Hemsworth) e seu time em uma missão de resgate e um piloto de drone, fixado em uma base nos EUA (Crowe). Nessa proposta, o diálogo e o trabalho em equipe são imprescindíveis para o sucesso da missão, assim como as personalidades de cada um.

 

Quando em momentos de calmaria, a direção de Eubank trabalha toda uma aproximação entre os dois personagens através da própria distância, e tenta contrapor suas origens, idealismos e situações, especialmente de localização, enquanto também busca criticar a falta de empatia e disciplina das instalações militares, inclusive por parte dos superiores hierárquicos, representados como pessoas desinteressadas na situação do próximo – seja os que estão por perto ou os soldados em campo.

 

No entanto, existe por outro lado uma dificuldade em aproximá-los, não pelo elenco talentoso – mesmo com Crowe sentado o filme todo, o que até soa irônico para sua carreira -, mas por um texto inorgânico na maneira como desenvolve seus diálogos, sempre bruscos e repentinos; e as próprias situações de urgência que envolveriam cooperação se resolvem com facilidade e no minuto decisivo.

 

O que também não contribui muito, agora na aproximação do protagonista de Hemsworth para conosco, o espectador, é a missão genérica e seus desdobramentos confusos. Até se faz o estabelecimento de um vilão, por exemplo, mas que faz uso de toda a caricatura estereotipada de terrorista de filme de ação dos anos 80, com algumas frases de efeito, cenas de tortura, mas sem qualquer real motivação ou característica que o torne uma ameaça real, e sobretudo crível.

 

Ao menos o cenário de guerra conta com uma boa construção pela direção de Eubank, que, mesmo com o baixo orçamento (ao menos para o gênero, 18 milhões de dólares), aproveita muito bem seus ambientes e apresenta com calma a geografia especial, de tal forma que a ação, bem articulada, não se torna confusa ao espectador durante o deslocamento dos personagens, e sempre fica claro o local das ameaças.

 

Enfim, mesmo com a boa ação, e especialmente o bom uso do slow motion, “Zona de Risco” não deixa de ser um filme superficial, que busca por uma abordagem seca e realista misturada com uma veia dramática distante, em um conflito que, apesar de visualmente interessante, carece de muito desenvolvimento pelo texto. É como um filme de ação dos anos 80 em pleno 2024, onde algumas simplificações e superficialidades já não tem mais tanto lugar, ainda mais dentro desta temática militar.

 

Avaliação: 3/5

 

Zona de Risco (Land of Bad, 2024)

Direção: William Eubank

Roteiro: David Frigerio e William Eubank

Gênero: Ação, Thriller

Origem: EUA

Duração: 113 minutos (1h53)

Disponível: Cinemas (via Imagem Filmes)

 

Sinopse: Um piloto de drone e um jovem oficial das Forças Aéreas são as únicas esperanças de uma força-tarefa presa em uma emboscada nas Filipinas. Eles têm 48 horas para resgatar os soldados antes que a missão vire um verdadeiro desastre.

(Fonte: IMDB)

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