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Foto do escritorHenrique Debski

CRÍTICA | Uma Vida – A História de Nicholas Winton, de James Hawes (One Life, 2024)

Em Uma Vida, Nicholas Winton tem seus feitos celebrados nas peles de Anthony Hopkins e Johhny Flynn, em um drama protocolar.



Em tempos de guerra, pessoas que saem de sua zona de conforto e da segurança de seu lar para arriscar a própria vida na intenção de salvar outras merecem ser celebradas. Não à toa o cinema é utilizado como forma de atingir esta celebração, e muitas narrativas nesse estilo vem sendo redescobertas pela história e literatura, e posteriormente adaptadas às telas.

 

E o cenário da Segunda Guerra Mundial, em razão de suas imensas dimensões, esconde, ainda, inúmeras personalidades que arriscaram as vidas pelo próximo. Em meio a filmes de temática semelhante, Uma Vida – A História de Nicholas Winton possui uma base muito forte, contada, porém, num filme com dificuldade em estabelecer um drama que soe mais natural, construído com eficiência, porém de forma burocrática.

 

Não há que se questionar a relevância de Winton para a vida de inúmeras crianças judias ameaçadas pelo regime nazista na Tchecoslováquia do final dos anos 1930. Não só como a obra literária na qual o presente filme se baseia, escrita por sua filha, Barbara Winton, atesta seus feitos, como a própria BBC no final dos anos 1980 também provou em rede nacional.

 

Para contar sobre a vida de seu protagonista, a construção da narrativa de Uma Vida, escrita por Lucinda Coxon e Nick Drake, opta por intercalar os feitos heroicos de Winton no passado com a sua vida presente (no caso, final dos anos 80), ao qual continua se dedicando à caridade e ajudar o próximo.

 

No entanto, existe um problema nos dois arcos de Uma Vida, que representam as duas fases do protagonista. No passado, um excesso de simplificações perpassa todo o processo de retirada das crianças de Praga, por Winton (aqui vivido por Johnny Flynn), e seu transporte para a Inglaterra, especialmente no que tange ao convencimento do governo britânico e da burocracia necessária. Personagens entram e saem a todo tempo, sem grande expressão, e, apesar de funcionar ao propósito almejado, a superficialidade do processo é gritante.

 

Já em relação ao tempo presente, a sensação de desnorteamento do protagonista chega ao próprio texto, que o leva a caminhar de um lado para outro sem saber exatamente aonde vai. É curiosa a direção de James Hawes nesse momento, que direciona nosso olhar, através da câmera, para objetos, de forma a tentar criar pontes entre os dois arcos, como se fossem de ampla relevância, para logo mais serem esquecidos – e se provarem apenas uma tentativa de ponte, sem mais importância.

 

O que há de melhor, em especial no arco do “presente”, é o trabalho de Anthony Hopkins, o verdadeiro destaque de Uma Vida, e especialmente em seus minutos finais. Mas nem esse momento consegue extrair tantas lágrimas, como desesperadamente pretende, em razão da previsibilidade da direção de Hawes, na maior parte das vezes artificial em captar emoções vindas dos personagens. Os poucos momentos em que efetivamente emociona é quando pouco se esforça para tanto, mas mantém a naturalidade da cena (vide as crianças se despedindo dos pais em Praga, na estação de trem).

 

Uma Vida – A História de Nicholas Winton funciona como resgate histórico, mas tem dificuldade em emocionar o espectador de maneira natural. É eficiente em apresentar a persona de Nicolas Winton, e celebrar seus feitos, mas de maneira superficial e protocolar para uma biografia de forma engessada.

 

Avaliação: 3/5

 

Uma Vida – A História de Nicholas Winton (One Life, 2024)

Direção: James Hawes

Roteiro: Lucinda Coxon e Nick Drake, adaptado de Barbara Winton (livro)

Gênero: Drama, Biografia

Origem: Reino Unido

Duração: 110 minutos (1h50)

Disponível: Cinemas (via Diamond Films)

 

Sinopse: Em uma corrida contra o tempo, Nicholas Winton e um improvável grupo de apoio trabalharam na Tchecoslováquia, no ano de 1938, para resgatar o maior número de crianças possível antes do fechamento das fronteiras.  (Fonte: Diamond Films- Adaptado)

 

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