Todos Menos Você se baseia em Shakespeare e marca mais um retorno das comédias românticas aos cinemas.
Após um certo período negligenciadas pelo público e estúdios, as comédias românticas, empurradas direto para os streamings, tem visto novamente a luz das salas de cinema. Em 2022, “Ingresso para o Paraíso” fez sucesso na tela grande com Julia Roberts e George Clooney vivendo um casal em reconciliação.
Desde dezembro de 2023 (e no Brasil, janeiro de 2024), a comédia romântica “Todos Menos Você” tem conseguido bons resultados de bilheteria, utilizando-se de elementos parecidos, mesmo que num outro contexto, em uma moderna – e ingênua – livre adaptação da peça “Muito Barulho por Nada”, de William Shakespeare.
Nesse contexto, é como se “Todos Menos Você” fosse um retorno aos anos 2000, a “era de ouro” das comédias românticas no cinema. Sua narrativa se desenrola dentro de um universo que não busca por uma complexidade, mas sim por ser o máximo objetivo na construção de um pano de fundo para o casal protagonista, se preocupando, de fato, com o conflito, que os levará cada vez mais em direção ao romance.
Para tanto, o roteiro de Ilana Wolpert e Will Gluck junta o casal em uma série de situações cômicas, que os empurra um para o outro, aceitando ficar juntos inicialmente para agradar os outros, e aos poucos, como de se esperar, por eles mesmos.
No entanto, com um conflito geral bem estabelecido entre os personagens principais, é de se perceber que o texto tem certa dificuldade em articular os demais conflitos, secundários, que circundam os protagonistas. É o caso dos interesses românticos passados de cada um, que calham de também estarem no mesmo ambiente, no qual o filme sempre esbarra nos términos, mas nunca explora de fato suas motivações.
Essa superficialidade exagerada dos protagonistas, por força de um roteiro que não os busca desenvolver, é compensada com a direção de Will Gluck, que a disfarça com suas tiradas cômicas bem encaixadas, que funcionam como um bom alívio, e sempre em boa hora, mesmo que não muito bem distribuídas ao longo da narrativa - especialmente no terço final, quando adota uma seriedade de última hora.
Mas a verdadeira alma de “Todos Menos Você” está na relação existente entre Sydney Sweeney e Glenn Powell, cujo sarcasmo e antipatia inicial aos poucos se converte em gestos afetivos com muita naturalidade, onde até mesmo a troca de olhares é sentida e aproveitada para conferir à obra uma verossimilhança que nos fazer acreditar na existência de uma paixão.
Assim, “Todos Menos Você” não se preocupa com os problemas do mundo real, e nos limita a problemas superficiais envolvendo o amor, e numa enorme busca pela paixão do casal protagonista. É uma daquelas comédias otimistas, que acreditam na existência do verdadeiro amor – até reforçada pela direção de Gluck, e mais ainda pela trilha musical, vide a canção “Unwritten”, de Natasha Bedingfield, principal do longa. No fim, é uma ótima comédia romântica, despretensiosa, e como pouco se tem feito ultimamente.
Avaliação: 4/5
Todos Menos Você (Anyone But You, 2023)
Direção: Will Gluck
Roteiro: Ilana Wolpert e Will Gluck
Gênero: Comédia, Romance
Origem: EUA, Austrália
Duração: 103 minutos (1h43)
Disponível: Cinemas (via Sony Pictures)
Sinopse: Bea e Ben parecem o casal perfeito, mas depois de um incrível primeiro encontro, algo aconteceu que esfriou a atração dos dois. Mas tudo muda quando eles são colocados inesperadamente juntos em um casamento na Austrália.
(Fonte: IMDB - Adaptado)
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