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Foto do escritorHenrique Debski

CRÍTICA | Rebel Moon - Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes, de Zack Snyder (Rebel Moon - Part Two: The Scargiver, 2024)

A segunda parte de Rebel Moon continua genérica, porém mais interessante ao direcionar sua atenção para um objetivo específico.



Os efeitos da primeira parte da franquia Rebel Moon me produziram sentimentos tão desgostosos em relação ao trabalho recente de Zack Snyder, um diretor de quem gosto, que levei alguns meses para considerar assistir à segunda parte – algo que naturalmente faria em algum momento, mas ainda não sabia quando. Em uma sexta-feira a noite, permeada pela despretensão, faltando uma semana para o lançamento das versões estendidas, decidi encarar o possível novo desastre que haveria de ser esta sequência, em um universo genérico, repleto de personagens desinteressantes e sem vida ou personalidade, fruto do imaginário de um cineasta que não soube controlar seus vícios de estilo e se deixou levar por uma megalomania limitante.

 

Para a minha surpresa, porém, Rebel Moon – Parte Dois: A Marcadora de Cicatrizes é um filme bem mais autocentrado do que seu antecessor, que leva consigo uma proposta completamente diferente, a partir do momento em que fixa um objetivo específico para sua narrativa, sem precisar de explicações verborrágicas para tudo.

 

Ao contrário da necessidade desesperada de introduzir o universo em seus mínimos detalhes, como faz a primeira parte, falando demais e sem espaço sequer para apresentar seus heróis ou vilões com calma e paciência, a segunda parte de Rebel Moon se desprende dessa necessidade vazia de correr de um lado para o outro, e foca apenas na defesa da comunidade de Veldt contra o grande ataque que os espreita, arquitetado pelo Mundo-Mãe, representado pela figura do implacável e vingativo Almirante Atticus Noble.

 

Nessa oportunidade, o roteiro escrito por Zack Snyder, Kurt Johnstad e Shay Hatten     aproveita para fazer aquilo que deveria ter sido feito antes, qual seja aprofundar, ao menos um pouco, o espírito de equipe dos seus heróis, enquanto planejam estratégias defensivas para enfrentar o ataque do Mundo-Mãe. Mas não são os flashbacks, na maior parte vazios, que Snyder continua insistindo, que fazem esse espírito florescer, mas a maneira como colaboram, com suas diferentes origens e habilidades, para chegar a um objetivo comum.

 

É a partir dessa união que a protagonista vivida por Sofia Boutella, mais à vontade neste do que no anterior, encontra, também, o seu propósito, ainda que Snyder tenha muita dificuldade de articular tal descoberta de maneira natural, a qual acontece por meio de diálogos burocráticos e uma informação escondida dos demais personagens que, quando revelada, gera uma aceitação expressa e imediata bem pouco verossímil.

 

Ao menos, mesmo que toda a primeira hora seja dotada de certa monotonia, a preparação do povo para se defender do ataque é bem aproveitada pela direção de Snyder para nos mostrar, enquanto público, o ambiente em que acontecerá a batalha. As pessoas acabam sendo descartáveis nesse interim, salvo raras exceções com mais destaque, mas essa calma para mostrar o ambiente se torna fundamental quando a luta de fato começa.

 

Os complementos gráficos continuam um pouco destoantes, especialmente no contraste do CGI com o elenco, e a fotografia, também assinada por Snyder, aposta em uma atmosfera acinzentada e sem vida que tira o impacto e até a vivacidade do universo, que apesar do momento melancólico de opressão, conta com ambientes de muita vegetação e natureza, perdidos em meio a uma fumaça cinza deselegante.

 

Na ação, Snyder mantém sua boa semiótica de outros filmes, se deixando levar menos pelos vícios de estilo, e mais consciente de seus excessos, dosa melhor o uso do slow-motion exagerado, o reservando para os momentos mais relevantes e necessários dentro da maneira como filma seus combates. O uso da trilha também acaba fazendo diferença, especialmente pelo tom medieval que concede à sua ficção-científica futurista.

 

Assim, Rebel Moon – Parte Dois: A Marcadora de Cicatrizes, enquanto se limita a uma proposta menor, funciona muito melhor e desenvolve muito mais de seu universo e personagens do que o primeiro filme, o qual, sem sucesso, tenta correr mais do que as pernas conseguem. Apesar da personalidade começar a florescer, a franquia continua genérica, e falta muito para criar laços verdadeiros para com o espectador, mas pelo menos é um filme que se sustenta por si próprio, e como um bom filme de ação. Talvez até, com algumas explicações conceituais sobre o universo, fosse capaz de suprimir todo o primeiro longa, que depois desse se concretiza como uma obra ainda mais fraca. Agora, resta-nos ver o que sairá das versões estendidas, e o que elas – e Snyder - tem a oferecer com quase mais duas horas e meia de conteúdo, dividido entre as duas partes – ou “capítulos”, como se chamarão.

 

Avaliação: 3/5

 

Rebel Moon - Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes (Rebel Moon - Part Two: The Scargiver, 2024)

Direção: Zack Snyder

Roteiro: Zack Snyder, Kurt Johnstad e Shay Hatten

Gênero: Ação, Aventura

Origem: EUA

Duração: 122 minutos (2h02)

Disponível: Netflix

 

Sinopse: Os rebeldes se preparam para lutar contra as forças implacáveis do Mundo-Mãe, forjando laços entre si enquanto heróis emergem, lendas nascem e revelações levam a novos caminhos de esperança.

(Fonte: Google - Adaptado)

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