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Foto do escritorHenrique Debski

CRÍTICA | Rebel Moon – Capítulo 1: Cálice de Sangue, de Zack Snyder (Rebel Moon – Chapter One: Chalice of Blood, 2024) – Corte do Diretor

Zack Snyder dá vida ao universo de Rebel Moon no corte do diretor, mas tarde demais para retomar o interesse do público.



Enquanto fazia seus filmes na Warner, uma gigante produtora e distribuidora que exerce controle criativo sobre suas obras, para torna-las mais comercializáveis e, assim, atrair mais atenção do público e lucrar com a bilheteria, é razoável considerar a existência das versões estendidas tão queridas por Zack Snyder, enquanto mais próximas de suas intenções para com os filmes que escreve, produz e dirige.

 

No entanto, em relação ao caso de Rebel Moon, tais versões estendidas são inacreditáveis, na medida em que obteve, por parte da Netflix, uma espécie de “carta branca” para fazer o que preferisse e como preferisse.

 

Quando lançado em dezembro de 2023, Rebel Moon – Parte Um: A Menina do Fogo foi um completo fiasco. Sobre minha frustração para com o longa, acho desnecessário que seja reascendida com novas palavras, quando já escrevi o suficiente sobre, à época (link para a crítica no final desta publicação). Mas, vale dizer, que para além de um filme vazio, parecia incompleto.

 

Agora com o “Corte do Diretor” (como se Snyder tivesse sido limitado quando fez o primeiro corte), Rebel Moon – Capítulo Um: O Cálice de Sangue é o que efetivamente o diretor tinha idealizado quanto a sua franquia. Apesar de manter a exata mesma narrativa, os mais de 70 minutos acrescidos deram a certeza de que A Menina do Fogo é um filme incompleto, e que, dadas as circunstâncias em que foi lançado e o contexto do projeto, sequer deveria existir.

 

Não que Rebel Moon tenha, agora, se tornado uma franquia brilhante ou genial. Não é e nem nunca foi, na medida em que bebe da fonte de tantos outros filmes similares, que eventualmente estabelecem seus mundos com muito mais originalidade e personalidade – sobretudo pelo fato deste ser um projeto de Star Wars que nunca saiu do papel, readaptado como um novo universo repleto de lacunas.

 

No entanto, ao menos agora, com os acréscimos à narrativa, todo o estabelecimento do mundo funciona de maneira mais palatável, sobretudo pela simbologia já presente no primeiro corte, mas imperceptível (ou quiçá, incompreensível) ao espectador pelo simples fato de não nos terem sido dadas, anteriormente, as chaves para sua interpretação.

 

É o que faz o excelente e brutal prólogo de vinte minutos anteriores ao título do filme, e aparição em tela da protagonista de Sofia Boutella. Não apenas um demonstrativo da violência gráfica agora presente, que torna a experiência mais interessante e impactante, é nesse momento em que o imponente vilão de Ed Skrein se apresenta perante ao público, e também o personagem Aris, vivido por Sky Yang, que apesar de secundário, caia de paraquedas na narrativa, e agora é possível compreender seu ódio ao Mundo-Mãe e ao antagonista, razão pela qual decide lutar pela aldeia de Veldt.

 

Não apenas os personagens acabam recebendo certa dose extra de aprofundamento, sobretudo Kora, a protagonista, que integra à mitologia desenvolvida com seu passado sombrio, mas também se acrescentam boas informações acerca da história pregressa daquele mundo, da ascensão do Regente Balisarius, sua relação com o rei morto, a fé na falecida princesa e o tão mencionado cálice, o cajado de osso e a presença dos clérigos junto às naves conquistadoras de mundos, tudo relacionado em um grande fio.

 

A classificação indicativa elevada liberta algumas das correntes limitadoras que transformaram o primeiro corte em uma catástrofe, enquanto a ação sanguinolenta agora conta com uma boa montagem, não tão picotada e dá valor às coreografias, e a própria violência permite a transformação do universo em algo mais crível dentro do que se estabelece, a partir da brutalidade dos dominadores – que já existia, mas sem uma mísera gota de sangue -, e do próprio conteúdo sexual, explorado em diferentes frentes por Snyder.

 

Assim, este Capítulo 1: O Cálice de Sangue não consegue eliminar por completo o aspecto genérico de Rebel Moon, mas concede personalidade suficiente para que não se torne uma experiência enfadonha e sem vida como foi o corte anterior. Apesar da mesma narrativa, essas quase três horas e meia de duração passaram mais rápido e soaram mais instigantes do que as míseras duas horas da outra versão, um filme completamente diferente, e muito mais fraco, o que faz pensar que a franquia geraria muito mais interesse se este tivesse sido lançado logo de cara.

 

Agora, parece-me que Snyder perdeu a oportunidade de emplacar um bom trabalho, já que este corte pouco chamou a atenção do público, e passou desapercebido entre os lançamentos da semana na Netflix. Em breve retorno com a crítica do capítulo parte dois.

 

Avaliação: 3/5

 

Rebel Moon – Capítulo 1: O Cálice de Sangue (Rebel Moon – Chapter One: Chalice of Blood, 2024) – Corte do Diretor

Direção: Zack Snyder

Roteiro: Zack Snyder, Kurt Johnstad e Shay Hatten

Gênero: Ação, Aventura

Origem: EUA

Duração: 204 minutos (3h24)

Disponível: Netflix

 

Sinopse: As forças implacáveis do Mundo-Mãe ameaçam um pacato vilarejo agrícola em uma lua distante. Agora, uma misteriosa forasteira torna-se a maior esperança de sobrevivência da comunidade. (Fonte: Google - Adaptado)

 

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