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Foto do escritorHenrique Debski

CRÍTICA | Mergulho Noturno, de Bryce McGuire (Night Swim, 2024)

“Mergulho Noturno” nada bem no início, mas se afoga em decisões genéricas, contraditórias e na mitologia confusa.



Assim como “M3GAN”, no ano passado, “Mergulho Noturno” é mais uma parceria entre os estúdios Atomic Monster e Blumhouse para uma opção de lançamento do gênero terror "PG-13" nos cinemas durante as férias do mês de janeiro.

 

Ambos filmes de cineastas com poucos longas no currículo, tanto um quanto outro funcionam como uma porta de entrada para seus realizadores em Hollywood, como apadrinhados de James Wan, um dos grandes nomes que assina a produção dessas obras.

 

No entanto, ao contrário do diretor de “M3gan”, Bryce McGuire não soube aproveitar tão bem sua oportunidade, ao iniciar-se de maneira promissora, mas aos poucos abraçar uma fórmula (que busca esconder) e tentar emular, sem sucesso, o trabalho de Wan.

 

Toda a primeira metade de “Mergulho Noturno” funciona muito bem. O prólogo, que estabelece o ambiente da assombração, a introdução da família protagonista, os dilemas que enfrentam, o pesar pela doença do pai – tudo, mesmo que de forma superficial, é suficiente para trabalhar o terror. E é interessante o como todas essas questões giram, de alguma forma, em torno da piscina, e o roteiro a insere, com naturalidade, na vida de seus personagens – desde da hidroterapia até o ingresso no time de natação.

 

Quando embaixo d’água, McGuire filma a tensão com criatividade. Planos que soam movimentos natatórios conseguem aproveitar bem o ambiente aquático, e acompanhar os passos dos personagens enquanto usam a piscina. Até certo momento, a imersão funciona de tal forma que nos sentimos convidados a nadar junto eles.

 

No entanto, após alguns ataques promissores, vultos e alucinações na piscina, quando a ameaça se materializa em figuras macabras, a qualidade do terror despenca, não só pela direção, mas também por força do roteiro.

 

Até então, existia algum exercício de esconder a fórmula da maldição adotada e direcionar nossa atenção para o “elefante na sala” – qual seja, o conflito da família em desviar do assunto para não precisarem se mudar novamente, bem como para não sobrecarregar a mente de Ray (o pai, vivido por Wyatt Russell). Havia alguma verossimilhança das reações, nas atitudes tomadas, e um mistério quanto às propriedades curativas da água, que desde sempre sabemos advir de forças malignas.

 

Mas numa virada brusca de qualidade, as reações aos eventos passaram a se tornar extremas. Não só isso, mas uma situação de possessão desvirtuou toda a proposta até ali, e a descoberta de outros casos e a investigação com possíveis pessoas envolvidas apenas escancarou uma fórmula de corrente amaldiçoada (ao estilo “Corrente do Mal” e “Sorria”) camuflada até então.

 

Quando conta sua mitologia, de uma única vez, bastante expositiva, percebemos uma boa premissa (ainda mais com o caso narrado no prólogo), mas sua falta de aprofundamento revela o desinteresse no polimento do texto. Muitos dos ataques até ali não encontram justificativa, ainda mais quando existe uma vítima certa e determinada, bem como não há explicações para o comportamento agressivo de um dos personagens nos momentos finais – que se sustenta numa possessão sem sentido.

 

Com isso, há de notar que “Mergulho Noturno” poderia render um bom debate pela questão moral que introduz com sua mitologia. Mas as escolhas genéricas de Bryce McGuire na segunda metade de seu filme fazem com que soe como uma tentativa falha de emular a direção de James Wan, quando poderia utilizar a inspiração de seus momentos iniciais para polir seu roteiro e elaborar algo mais autoral. Da forma como ficou, foi apenas mais um filme esquecível.


Avaliação: 1.5/5


Mergulho Noturno (Night Swim, 2024)

Direção: Bryce McGuire

Gênero: Terror, Thriller

Origem: EUA, Reino Unido, Austrália

Duração: 98 minutos (1h38)

Disponível: Cinemas (via Universal Pictures)


Sinopse: Um ex-jogador de beisebol se muda com a esposa e os dois filhos para uma nova casa. Ele acredita que a piscina do quintal pode ser uma diversão para as crianças, mas um segredo sombrio do passado vai desencadear uma força malévola.

(Fonte: IMDB - Adaptado)

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