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Foto do escritorHenrique Debski

CRÍTICA | Bad Boys: Até o Fim, de Adil El Arbi e Bilall Fallah (Bad Boys: Ride or Die, 2024)

Bad Boys: Até o Fim tenta se ajustar com as escolhas do filme anterior, e investe suas cartas no legado, regado a muito humor.



O primeiro longa-metragem da carreira de Michael Bay, Bad Boys, de 1995, sempre funcionou muito bem pela dinâmica invejável de seus protagonistas, vividos por Will Smith e Martin Lawrence, ainda que na ação deixe a desejar. No decorrer dos filmes, e da posterior construção de uma franquia, essa relação tornou-se um alicerce ainda mais poderoso, para as produções e os atores, sendo agora explorado pelas narrativas mais recentes.

 

Na continuidade dos eventos do terceiro filme, que acrescentou elementos significativos ao universo e promoveu sua expansão, Bad Boys: Até o Fim tenta se ajustar com algumas das escolhas que tomou no longa de 2020. Para tanto, a trama é amarrada através do fio do legado, enquanto traça uma ligação entre o falecido Capitão Howard (e o retorno do carismático Joe Pantoliano para uma participação especial) com o filho de Mike, Armando, e um novo antagonista que (supostamente) abala confianças e as relações entre os personagens, sobretudo as familiares.

 

Por um lado, o roteiro assinado por Chris Bremner e Will Beall rejeitam o aspecto melodramático exagerado do filme anterior. A opção da vez é por um desenvolvimento de personagem mais voltado para o humor, que não tem medo do ridículo e nem do absurdo, e cria situações constrangedoras, que a direção de Adil El Arbi e Bilall Fallah sabe lidar com destreza, tanto quanto o próprio elenco compra o cafona e entra de cabeça nas brincadeiras.

 

Mas por outro lado, existe uma enorme dificuldade em trabalhar as surpresas que propõe e a profundidade que deseja conceder aos personagens. Todas as reviravoltas são facilmente antecipáveis enquanto não parece haver qualquer esforço para escondê-las, da mesma forma que os protagonistas sempre parecem acertar em quem podem e não podem confiar. Há uma tentativa de se construir uma grande conspiração envolvendo a polícia de Miami e os Cartéis, mas tudo opera dentro de um microcosmo tão limitado que fica difícil de acreditar na dimensão de grandeza que sugerem.

 

E isso acaba atingindo diretamente o antagonista, muito eloquente nas ameaças, mas pouco versátil em sua concretização. Diferente da questão pessoal do longa anterior ou do aspecto mundano dos vilões dos primeiros filmes, o personagem de Eric Dane parece uma grande caricatura que encarna a incompetência, na medida em que suas ações não parecem produzir significativas consequências em momento algum, sobretudo quando tem-se em mente a blindagem da dupla protagonista, coberta por um roteiro que os protege em toda e qualquer direção.

 

Mas tal proteção, apesar da dose de previsibilidade que oferece, é bem aproveitada pela ação, enquanto, na ausência de consequências, se diverte para utilizar o cenário em prol do humor e de coreografias que prezam por um exagero sem receios.

 

Por outro lado, a direção Adil e Bilall, na tentativa de referenciar o trabalho de Bay e emular seu estilo, parece encontrar um problema novo que inexistia no filme anterior, quando se ativeram mais a si mesmos. O uso de drones na fotografia e a opção por planos mais longos, como feitos em Ambulância, o ultimo longa do cineasta até então, é muito boa, mas essa tentativa foi acompanhada dos típicos problemas do diretor mencionado, quando acabam se tornando confusas – especialmente a cena da boate, na primeira metade do longa. Mas, por incrível que pareça, há um equilíbrio, quando em outros momentos parecem abandonar um pouco a ideia de referência, e acabam trabalhando coreografias melhores e organizadas, o que fica nítido pela montagem mais clara.

 

Dessa maneira, Bad Boys: Até o Fim se sai muito bem abandonando o melodrama do anterior em prol de um foco maior no humor, sem limites, enquanto, de outras maneiras, explora, ainda que superficialmente, a amizade e lealdade entre a dupla protagonista. Ainda assim, alguns nós entre ambos os filmes permanecem frágeis, sobretudo no que tange à redenção de Armando e as justificativas para a morte do Capitão Howard, algo que não ficou tão bem costurado – e a obra deixa claro que sabe disso -, mas nada que impeça deste ser mais uma boa e bem-vinda entrada na franquia.

 

Avaliação: 3.5/5

 

Bad Boys: Até o Fim (Bad Boys: Ride or Die, 2024)

Direção: Adil El Arbi e Bilall Fallah

Roteiro: Chris Bremner e Will Beall

Gênero: Ação, Comédia

Origem: EUA

Duração: 115 minutos (1h55)

Disponível: Cinemas (via Sony Pictures)

 

Sinopse: Os Bad Boys preferidos do mundo estão de volta com a mistura icônica de ação eletrizante e comédia escrachada mas, dessa vez, com uma virada: os melhores de Miami são agora os mais procurados.

(Fonte: Sony - Adaptado)

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