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Foto do escritorHenrique Debski

CRÍTICA | Alerta de Risco, de Mouly Surya (Trigger Warning, 2024)

Alerta de Risco se contenta estando abaixo da mediocridade, em uma produção sem capricho ou ambição que serve apenas como adição de catálogo.



Após alguns anos afastada dos holofotes cinematográficos, o retorno de Jessica Alba em Hollywood se deu em Alerta de Risco, produção que leva o selo da Thunder Road Pictures como produtora (uma das maiores atualmente no cinema de ação), e distribuição da gigante Netflix.

 

Mas não demora para percebermos que o filme não passa de mera adição de catálogo de streaming, quando a falta de capricho e desinteresse por seu próprio estilo já é notável logo na abertura, em uma cena de ação vazia, cujos tiros não possuem qualquer impacto e menos ainda deixam buracos.

 

O início, que apresenta uma operação militar sem perigo, serve apenas para estabelecer a protagonista Parker, e mostrar sua única característica: uma pessoa durona, assim como seu pai, cuja morte dá início a narrativa, e o retorno da personagem à cidade natal e a descoberta de um grande esquema envolvendo corrupção e tráfico de armas.

 

Se havia pano para algum mistério em todo esse esquema, o roteiro escrito por John Brancato, Josh Olson e Halley Gross faz questão de deixar na superfície desde os primeiros minutos, escancarando os antagonistas no rosto do espectador a partir de comportamentos suspeitos, e para o gênero, clichês. Apesar da falta de interesse em esconder suas identidades, até certo ponto há um pouco de verossimilhança dentro de suas atitudes, e nas maneiras pelas quais agem, até que passam a se agravar compulsivamente de um momento para outro, levando todo o desenrolar para caminhos cada vez mais absurdos.

 

Talvez isso não seria um problema se ao menos o filme se aproveitasse desse absurdo para a construção de seu universo, mas nem isso. A cidade de Swann, em tese um personagem nessa história, nunca é sequer mostrada para além de ambientes internos, como casas, bares e a delegacia de polícia. Toda a narrativa e a própria ação é muito contida pela direção de Mouly Surya para ambientes fechados, onde as fracas coreografias parecem executadas em câmera lenta, e a violência inexiste para além de alguns respingos de sangue em paredes.

 

A ambição artística é algo a se valorizar até em produções fracas, que não conseguem extrair muito das histórias que pretendem contar. Mas essa ambição não existe em Alerta de Risco, em um uso de fórmula tão descarado que torna toda a experiência desanimadora, na medida em que não há praticamente nada de original em tela, para além de um trabalho interessante no figurino, e algumas ideias criativas em relação a personagens secundários, que no todo nada significam.

 

A base do texto, por exemplo, parece uma cópia genérica do roteiro de Road House (Matador de Aluguel, 1989), com o mesmo desenrolar e até um desfecho semelhante, apesar das devidas diferenças, que aqui se mostram completamente vazias, resumidas a poucas palavras e características. 

 

Por isso Alerta de Risco é um grande filme descartado na Netflix. Esquecível desde os primeiros instantes, a produção sem capricho soa como apenas adição de catálogo, e coloca Jessica Alba como chamariz. A atriz está bem, e até se esforça com sua personagem, mas passa longe de deixar o filme mais interessante. Se ao menos houvesse alguma personalidade, talvez fosse possível repensar no caso, mas do jeito que é, o descaso é perceptível.

 

Avaliação: 1/5

 

Alerta de Risco (Trigger Warning, 2024)

Direção: Mouly Surya

Roteiro: John Brancato, Josh Olson e Halley Gross

Gênero: Ação, Thriller

Origem: EUA

Duração: 106 minutos (1h46)

Disponível: Netflix

 

Sinopse: Uma habilidosa comandante das Forças Especiais assume o bar de seu pai depois que ele morre repentinamente, e logo se vê em conflito com uma organização criminosa que atua em sua cidade natal.

(Fonte: IMDB - Adaptado)

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