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Foto do escritorHenrique Debski

CRÍTICA | A Liga, de Julian Farino (The Union, 2024)

A nova tentativa da Netflix de iniciar uma franquia, A Liga parece ter sido escrito por uma inteligência artificial.



É curioso pensar como parece estar-se criando uma espécie de regra na Netflix em agosto, no qual a plataforma utiliza tal mês para tentar engrenar uma nova franquia de ação, thriller ou comédia. É o caso de Justiça em Família (2021), Jornada Dupla e Agente Oculto (2022, este último bem no final de julho), Agente Stone (2023), e agora A Liga.

 

Quando pensava que dessas tentativas nada poderia sair mais genérico do que o filme de ação e espionagem com Gal Gadot em 2023, é porque ainda não sabíamos o que o streaming nos preparava para este ano. Apesar do longa de Tom Harper reciclar aos montes clichês do gênero espionagem, ainda buscava eventualmente por diferenciais, ou ao menos caprichar na ação, por vezes megalomaníaca, exagerada e com boas coreografias.

 

Estes, no entanto, não são atributos que se estendam ao fraco A Liga, que se sustenta inteiramente no elenco, encabeçado por Mark Walberg e Halle Berry, e ainda conta com os talentosos J.K Simmons e Mike Colter perdidos e desperdiçados. Na trama, nada de novo, senão uma tentativa de emplacar uma comédia romântica de espionagem com ação, muita coisa para equilibrar sem sucesso em nenhuma, e em um universo que tenta não se levar a sério, o que dura até a segunda página, porém.

 

Apesar das relações estabelecidas entre os personagens se basear em um tom humorístico recheado com muito sarcasmo, o que garante risadas, toda a construção da narrativa no que tange à conspiração se dá com base em uma seriedade que não combina.

 

Afora essa seriedade que entra em conflito direto com os personagens, o roteiro assinado por Joe Barton e David Guggenheim parece ser obra de uma inteligência artificial. É como pedir ao Chat GPT para escrever uma história de espionagem, ancorada em bases repetitivas e muito melhor exploradas em tantos outros filmes ao longo de décadas, muito com um terço do orçamento deste. É uma junção de incontáveis elementos genéricos, incluindo uma agência secreta sem qualquer desenvolvimento, a dupla romântica composta pelo novato e a experiente, uma traição na equipe (óbvia desde o prólogo), uma lista vazada com dados de agentes, e uma corrida contra o tempo antes que o objeto caia nas mãos erradas.

 

Se ainda a direção de Julian Farino se preocupasse em tentar subverter essas fórmulas em um tom satírico, o que seria bastante possível de fazer, talvez A Liga encontrasse personalidade, mas o cineasta se entrega ao mesmo piloto automático assumido pelo roteirista, sem nem se dar ao trabalho de sustentar o clima de suspense e desconfiança por mais de cinco minutos, em um longa que entrega suas respostas de bandeja e rejeita a surpresa em prol de fazer o óbvio pela centésima vez.

 

Dessa forma, nas mãos de uma produção preguiçosa, que segue à risca uma fórmula, e uma direção que não se importa em tentar fazer algo de diferente, nem a ação encontra lugar para se destacar em A Liga, enquanto não há risco aos personagens nem sequer nos combates em que se envolvem, sobretudo diante dos tiros vazios, coreografias insossas e cheias de cortes, e antagonistas incapazes de oferecer qualquer sensação de perigo.

 

Não há muito mais o que falar de A Liga, o suprassumo do cinema de ação genérico em 2024, que parece investir a maior parte de seu orçamento no elenco (e, de fato, Wahlberg e Berry formam uma boa dupla, mesmo que mal aproveitados) do que em qualquer tentativa de ser diferente de tantos outros, sem caprichar com uma história intrigante ou ao menos na ação. É um daqueles filmes nada marcantes que esquecemos rapidamente, em poucos dias, que servem apenas como a pior forma de adição de catálogo para o serviço da Netflix, repleto de obras do mesmo tipo, fraquíssimo.

 

Avaliação: 2/5

 

A Liga (The Union, 2024)

Direção: Julian Farino

Roteiro: Joe Barton e David Guggenheim

Gênero: Ação, Comédia, Thriller

Origem: EUA

Duração: 107 minutos (1h47)

Disponível: Netflix

 

Sinopse: Mike, um trabalhador da construção civil de Jersey, é rapidamente empurrado para o mundo dos superespiões e agentes secretos quando sua ex-namorada de colégio, Roxanne, o recruta para uma missão de inteligência dos EUA de alto risco. (Fonte: IMDB)

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