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Foto do escritorHenrique Debski

47º MOSTRA DE SP | Vadio, de Simão Cayatte (Idem, 2023)

A dificuldade de conexão pela distância narrativa, através de personagens apáticos e uma busca superficial por um lugar no mundo.



Na vida, ao contrário dos filmes e séries de TV, não existem facilidades ou facilitadores. O mundo é um lugar áspero e complexo, imprevisível, e que exige muito de seus habitantes, seja por questões naturais ou relacionadas à convivência com a própria espécie humana.

 

Nesse contexto, o drama de Simão Cayatte mostra uma acidental jornada de conexão entre duas pessoas que buscam por seu lugar na realidade, com idades distintas e lidando com problemas diferentes, que ajudam uma a outra na medida do possível, e que quem sabe poderiam, juntas, encontrar seus caminhos.

 

Falando assim, e no papel, parece uma boa ideia, se não fosse um detalhe: em meio a todo o desenrolar da narrativa, há uma clara dificuldade por parte da direção em aproximar os personagens e suas jornadas para com o espectador.


Na maior parte do tempo, a sensação que se tem é a de personagens distantes. A bela fotografia de Bartosz Swiniarski, por exemplo, bem consegue enfatizar a solidão dos protagonistas a partir de seus amplos planos vazios, mas, em contrapartida, pouco capta seus sentimentos, justamente em razão do excesso da distância.


E na medida em que a trama avança, os problemas, depois de apresentados, estagnam através de diálogos verborrágicos que não os resolvem e que, na proposta de expressar sentimentos, pouco significam algo.


Assim, o drama de “Vadio” preza pelo realismo, e a certa medida consegue captá-lo, especialmente pela forma áspera como trata os personagens e suas realidades. Mas apesar das boas atuações, a dificuldade da direção de Cayatte em fazer nos aproximar dos personagens cria uma barreira que transforma seu longa, que busca por uma narrativa imersiva, em algo cansativo e que pouco recompensa nosso investimento.


Avaliação: 2/5

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