A luta pela liberdade através da arte.
A relação do artista plástico iraniano Nickzad “Nicky” Nodjoumi com seu trabalho e especialmente com seu país de origem é bem explorada neste documentário produzido por sua filha, Sara Nodjoumi, que assina a produção e direção juntamente com Till Schauder.
A época do governo pelo monarca Reza Pahlavi e da Revolução Islâmica encabeçada por Khomeini são grandes alvos críticos da arte plástica desempenhada por Nicky, que desabafa sobre seus sentimentos em relação ao Irã atual, e da saudade que tem de seu país natal, quando lá ainda havia liberdade.
A dificuldade do filme, no entanto, se concentra em tentar preencher uma hora e meia de duração. Há muito suspense para se chegar na questão central da obra, qual seja o destino das pinturas presentes na exposição censurada do artista, em Tehran, no início dos anos 80, quando foi obrigado a exilar-se nos EUA, onde constitui família e permanece até os dias de hoje.
Quando não fala de sua arte ou do contexto político em que trabalha com suas pinturas, o documentário trata superficialmente da vida pessoal do artista, sua relação com a família, seu casamento e os anos pregressos ao exílio. Porém nunca parece que o longa está realmente interessado em se aprofundar nesses assuntos, apenas os utilizando como meio de contextualizar o presente e engrossar o conteúdo acerca de Nicky.
E apesar de louvável ser sua filha uma das diretoras do documentário, e quem também assume a responsabilidade de ficar em frente às câmeras e conduzir as entrevistas e pesquisas, a relação dela com o pai é algo que parece frio e distante, quando esta relação poderia ser aproveitada para tornar o presente filme algo ainda mais pessoal.
Enfim, “Uma Revolução em Quadros” documenta algo relevante, uma luta de um sobrevivente da ditadura iraniana tentando reaver suas obras perdidas no país desde os anos 80. As barrigas podem até torna-lo cansativo, mas não tiram a relevância temática e seu bom desfecho.
Avaliação: 3.5/5
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