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Foto do escritorHenrique Debski

47º MOSTRA DE SP | Rodas e Eixo, de Junpei Matsumoto (Wheels and Axle, 2023)

As vantagens (e desvantagens) de um trisal amoroso, em um ciclo de amor (e dor).



Desde os primeiros minutos, “Rodas e Eixo” não é um filme fácil. Com todo seu aspecto mundano e de ritmo lento, nos leva a acompanhar a vida de Manami, uma estudante de família rica, que tem problemas com seu elevado status social e aos poucos se envolve em um trisal amoroso, com um amigo homossexual, também de família rica, e um “acompanhante”.

 

Num primeiro momento, e num certo ponto de vista, é interessante a relação existente entre os personagens dentro do trisal, quando somos capazes de sentir a infelicidade que percorre suas veias, com as vidas que levam, e com quem são, sem encontrar a própria identidade.

 

A direção de Junpei Matsumoto a todo tempo enfatiza esse ar de infelicidade e especialmente de solidão quando posiciona a câmera a certa distância dos personagens, em amplos ambientes vazios, em longos planos lentos e bem construídos.

 

A amizade desenvolvida pelos dois primeiros, e que é acompanhada pelo terceiro, revela apenas a necessidade de satisfação dos desejos mais íntimos, quando mesmo dentro das cenas de prazer da qual participam os três apenas dois de fato se envolvem, e um se machuca, em cenas de s3x0 secas e desconfortáveis. E essa normalmente é a lógica de um trisal não romantizado, sempre alguém se ferirá.

 

E enquanto o filme se limita a trabalhar essa relação, se sai muito bem. O problema é quando decide, na ultima meia hora, focar em Manami e sua relação para com sua origem familiar e condição financeira.

 

Nesse momento, o filme passa a soar arrastado, na medida em que o roteiro não consegue articular o assunto com o que já havia sido apresentado até então. É como se fosse um pedaço desconexo da narrativa, que, se removido, não faria diferença para com o desfecho, ainda mais quando a direção altera completamente a forma de enxergar sua personagem.

 

E assim, “Rodas e Eixo” acaba tentando falar mais do que deveria, e cansa o espectador. O impacto visual e o desconforto são grandes virtudes, em uma obra que poderia limitar-se a apenas noventa minutos.


Avaliação: 3/5

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