Taika Waititi tenta ser engraçado contando uma história de superação esportiva, mas cai no clichê e escanteia o futebol.
Taika Waititi, depois de dois grandes acertos que lhe concederam destaque e boa reputação em Hollywood, parece que perdeu a inspiração em “Thor: Amor e Trovão”. Agora, em “Quem Fizer Ganha”, ficou evidente que ainda não conseguiu se recuperar.
Num primeiro momento, o longa assume o manto da comédia, que se manifesta através de uma narrativa esportiva. Em uma típica realidade idealizada por Waititi, embarcamos em um universo onde a seriedade não se faz presente, composta por personagens excêntricos e imprevisíveis.
Nesse espaço, o teor cômico da obra encontra-se imersa em meio a ingenuidade dos personagens, e muito se sustenta na contraposição entre as culturas e personalidades dos habitantes da ilha e do protagonista, Rongen, vivido por Michael Fassbender, que, apesar do exagero em quantidade, rendem boas risadas.
Após o primeiro ato, já era de se esperar o caminho que o longa tomaria, ao buscar pelo típico aspecto otimista de uma jornada de dupla superação, na medida em que tanto o time quanto o treinador se ajudam a superar as dificuldades.
No entanto, parece que tão empolgado com sua genérica história de superação, não muito diferente do que as já vistas inúmeras vezes antes, Waititi se esquece do humor, abandonado de uma hora para outra e trocado por um drama ineficiente.
Para que a veia dramática funcionasse plenamente, existiriam muitos elementos que o roteiro precisaria introduzir mais cedo, e aprofundá-los de forma que, no terço final, conseguissem justificar as escolhas criativas e decisões tomadas pelo protagonista. Da forma como feito, parecem dois roteiros diferentes fundidos grosseiramente sem os retoques finais.
E essa irregularidade narrativa, que vai da variação de gêneros até sua estrutura opaca, que se inicia com um narrador cuja função não é clara e que, de uma hora para outra, desaparece, fazem de “Quem Fizer Ganha” um filme que decepciona por sua completa falta de identidade, mesmo vindo da mente criativa de Taika Waititi. É como se o cineasta, que errou no exagero humorístico de seu último filme, tentasse agora se levar mais a sério, o que contradisse sua proposta inicial.
Avaliação: 2.5/5
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