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Foto do escritorHenrique Debski

47º MOSTRA DE SP | O Sequestro do Voo 375, de Marcus Baldini (Idem, 2023)

Entre desespero e heroísmo, Marcus Baldini constroi uma experiência desesperadora em O Sequestro do Voo 375.



No Brasil, o ano de 1988 foi marcado por controvérsias. Apesar do nascimento de nossa Constituição Cidadã, este foi o ano da redemocratização, muito lembrado pelo falecimento repentino do presidente eleito, Tancredo Neves, e a subida de José Sarney ao cargo de presidente.

 

Em meio à instabilidade econômica e política do período, pouco é lembrado o único caso envolvendo sequestro de aeronaves no país, dramatizado em “O Sequestro do Voo 375”, que nutre relações diretas com os eventos do período.

 

Para os não nascidos na época retratada (como eu), o diretor Marcus Baldini muito bem contextualiza o ambiente que o filme irá trabalhar. A tensão crescente é construída desde os primeiros minutos, quando se enfatiza a falta de segurança do aeroporto, a alta da inflação e o ar de insatisfação do antagonista para com o rumo tomado pelo país.

 

E apesar da simplicidade na construção dos personagens, em sua maior parte alegóricos, existe um foco no desenvolvimento do vilão, de maneira a enxerga-lo com olhar de reprovação, mas também de maneira compreensiva pela situação em que se encontrava – mas em momento algum justificando ou elogiando seus atos.

 

Quando parte para a ação, a montagem é muito eficiente em equilibrar os arcos em aberto, quais sejam do avião, da torre de comando e do governo brasileiro, operando juntos para evitar um desastre, cada qual com seus interesses, coletivos e individuais.

 

Nos momentos em que precisa partir para a violência, não há economia estética e nem nos efeitos. A produção independente, que muito se inspira nos thrillers de ação dos anos 80, capricha nas tomadas do avião no ar, e especialmente nas manobras que tornaram o caso memorável, com destaque para as cenas internas do avião, que tornam o clímax seu momento mais imersivo, com direito à trilha sonora de rock e uma tensão memorável, que poucos cineastas poderiam construir tão bem quanto Baldini.


Avaliação: 4/5

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