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Foto do escritorHenrique Debski

47º MOSTRA DE SP | O Dia que Te Conheci, de André Novais Oliveira (Idem, 2023)

No pior dos momentos, uma luz brilhante.



A ansiedade e a depressão são o mal da modernidade. Na era da informação, da tecnologia e do imediatismo, temos visto tais condições crescerem entre a população mundial, e também o consequente aumento do consumo de medicamentos, na tentativa de combatê-las.

 

Nesse contexto de melancolia, quando tudo parece perdido, e o mundo de cabeça para baixo, depois um dia desastroso, quem diz que não podemos encontrar a pessoa de nossas vidas? Em uma sucessão de eventos que calharam de acontecer daquela forma, Zeca e Luisa se conhecem.

 

A partir desta narrativa cuja estética mira na simplicidade, a comédia de André Novais encontra sua enorme complexidade no roteiro, que evoca o que de melhor há na trilogia do Pôr-do-Sol de Richard Linklater, mas da maneira mais brasileira possível.

 

Os diálogos repletos de naturalidade são a melhor forma que temos de conhecer o casal protagonista, que, enquanto enfrenta problemas comuns ao brasileiro médio, como a precariedade do transporte público e os infinitos congestionamentos das metrópoles, aprofundam suas relações e confidenciam as aflições que os atingem diariamente, através de cômicos, mas verdadeiros, comentários ao mal da era contemporânea.

 

Como se não bastasse o excelente texto, o presente filme se fortalece ainda mais com a direção de Novais e o trabalho de Renato Novaes e Grace Passô, que, não apenas pela ótima química que possuem entre si, também incorporam as personalidades de maneira tão natural que torna, ao brasileiro médio, a imersão e identificação com a narrativa ainda mais fácil e poderosa.

 

E esse é o grande trunfo de “O Dia que Te Conheci”. No Brasil, a identificação do público para com a obra é essencial para que surta o efeito de naturalidade desejado, e é muito difícil que qualquer um de nós, brasileiros, não consigamos nos ver enfrentando qualquer daquelas situações, e rindo, não só pelo humor leve e acertado, mas também por nossas próprias experiências. Já fora de nosso país, é um bom retrato de nós, um povo batalhador e que busca o melhor de cada momento.


Avaliação: 4.5/5

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