A invisibilidade dos imigrantes na terra das oportunidades.
O drama escrito por Bernardo Barreto retrata uma experiência comum a inúmeras pessoas em torno do planeta: a busca por um lugar no mundo, uma identidade. A escolha, para tanto, se deu com a cidade de NY, verdadeira terra de ninguém, a qual reúne pessoas de todo lugar procurando por um espaço para chamar de seu. Mas quando imigrantes, ainda mais ilegais, as coisas se complicam.
E aí entra a precisa direção de Heitor Dhalia, eficaz em enfatizar a solidão do ser humano em meio a grandiosidade da cidade moderna. Ruas estreitas e prédios imensos revelam a insignificância do homem naquele cenário opressor que não o aceita como parte dele, tornando a cidade e o país como personagens vilões da narrativa.
A câmera enxerga a criança da mesma meneira, que mesmo nascida nos EUA, jamais será considerada norte-americana em razão da origem de sua família. E daí vem o paralelismo entre os dois personagens que guiam a narrativa, já que, ambos criados a vida toda no país, jamais serão recebidos por ele de braços abertos.
Nesse contexto, cada um vive e reage as condições de suas próprias formas. E apesar de, em decorrência disso, o filme introduzir um mistério, é sabido desde o início que aquele não é o foco, mas sim o entender e aceitar de uma dura realidade. Pena que as vezes o longa gera esperanças e indícios de que o mistério será mais explorado, o que não é o caso - e, verdade seja dita, nem precisaria.
E assim, o título "Invisíveis" condensa de maneira eficaz a proposta do filme. Em um país "de primeiro mundo", que se enxerga como uma terra perfeita e repleta de oportunidades, os EUA não visualizam seus próprios problemas, e procuram apontar e "consertar" os de outros países, como forma de lavar a própria consciência sem nada resolver.
E em meio a filmes semelhantes vindo dos próprios EUA, não há ninguém melhor do que os estrangeiros, que vivem aquela realidade, para expor esses problemas e escancarar sua existência.
Avaliação: 4/5
Comments