Em ritmo acelerado, a união faz a força, em uma ótima comédia de Craig Gillespie sobre o caso GameStop.
Em 2015, mal sabia Adam McKay a importância de seu filme “A Grande Aposta”, e a forma para como lançaria uma tendência no cinema contemporâneo. De lá pra cá, já se foram diversos relevantes casos adaptados de forma semelhante, através de narrativas com roteiros e montagem acelerada, sempre se pagando de uma linguagem e estilos “espertinhos”.
E por esse adjetivo final não considero exatamente um elogio, já que muitos desses longas apenas se camuflam de difíceis para se sentirem superiores em relação ao público, e “Dinheiro Fácil” inevitavelmente tem um pouco deste ar.
No entanto, ao invés de empinar o nariz durante toda a projeção, o longa de Craig Gillespie tenta ser o mais honesto para conosco, e se esforça ao máximo para nos deixar por dentro de todo o mecanismo econômico envolvido no caso da surpreendente alta das ações da empresa GameStop, mesmo que, para tanto, recorra a simplificações.
Nisso, adota o ritmo acelerado, que faz jus ao dia-a-dia do mercado financeiro, emulando, com eficácia, o estilo popularizado por McKay, e, com paciência, posiciona as principais personalidades envolvidas no caso.
Algumas dessas pessoas foram apresentadas com seus nomes reais, como os donos dos fundos de investimento atingidos e Keith Gill, o influencer responsável pelo início de toda a operação, vivido com excelência por Paul Dano, que carrega o filme consigo. Por outro lado, outros, acertadamente, são ficções que servem de alegorias aos mais variados tipos de pessoas envolvidas, desde estudantes até trabalhadores de inúmeros setores, contribuindo para a sátira.
E dessa maneira o filme de Gillespie aproveita para formular uma narrativa de “a união faz a força”, e a todo tempo busca por uma aproximação para com o público no sentido de pontuar que Wall Street não é intocável, e que a união de muitos é suficiente para derrubar os poucos que a controlam.
Assim, “Dinheiro Fácil” aproveita seu espaço para construir uma eficiente ficção a respeito do caso GameStop em ótimo tom de humor e de maneira acessível, assim como serve de exemplo para a quebra da blindagem de Wall Street.
Avaliação: 4/5
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