Na tentativa de soar complexo, “Comandante” amontoa informações e personagens, ao ponto de ser tornar esquecível.
Responsável pela abertura do 80º Festival de Veneza, neste ano de 2023, “Comandante” é uma superprodução italiana, que retrata a participação do país na Segunda Guerra Mundial, a partir da perspectiva de um submarino, sua tripulação, e sobretudo, seu comandante.
Até podemos considerar Edoardo De Angelis ambicioso em seu projeto, sobretudo pelo alto investimento financeiro, o que permitiu maior liberdade para a maneira como retrata a guerra no mar, sendo feita de maneira ampla e com bons complementos gráficos, na medida do possível – e do orçamento. Da mesma forma, a direção de arte atentou-se aos detalhes no figurino e no ambiente interno do submarino, bem retratado de maneira claustrofóbica.
No entanto, apesar da boa qualidade da produção, a narrativa desinteressante e sobretudo sem foco torna toda a experiência apática e distante do espectador.
Uma hora acompanhamos a rotina do submarino, as tarefas desempenhadas, os perigos e desafios da guerra. Em outro, apreciamos a cultura italiana e seu contato para com o estrangeiro, debatendo música, poesia e gastronomia. Mas, ao fim, pouco conseguimos nos envolver com alguma coisa.
Ao longo da projeção, são feitos comentários a posição da Itália na Segunda Guerra, ao fascismo de Mussolini, e sobretudo comparações aos Nazistas, especialmente na figura do Comandante, que revela todo o arquétipo padrão do “bom soldado, gentil e preocupado com o próximo”, bem vivido na poderosa pele de Pierfrancesco Favino. Tudo isso, na verdade, é uma grande tentativa de vender uma imagem melhor à participação da Itália durante o conflito, especialmente quando aliada ao Eixo.
E nesse interim, parece que De Angelis se preocupa mais com planos pretensiosamente poéticos para empregar uma falsa sensação de complexidade a seu filme, do que, de fato, construir uma narrativa interessante ao espectador e que não soe tão piegas. Assim, “Comandante” acaba querendo ser um pouco de tudo, e, ao final, sem produzir qualquer impacto, não sobra quase nada para ser lembrado.
Avaliação: 2.5/5
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