Arturo, entre a confusão do passado e do presente.
Como seres humanos que somos, não temos opção senão crescer e amadurecer na vida. Cada um de nós faz isso a sua maneira e a seu tempo, é natural, uns com mais facilidade e outros com mais dificuldade de se desvencilhar de outros momentos da vida.
Arturo, protagonista de "Arturo aos 30", amadurece e se conhece de sua própria maneira, e durante cerca de 90 minutos acompanhamos um pouco de sua vida, entre o passado e o presente. Mas a obra de Martín Shanly o faz de maneira pouco convencional, ao trabalhar em uma narrativa não linear que insere pitadas de thriller em meio a um ambiente de comédia.
Tal estrutura, justificada por um acidente de carro sofrido pelo protagonista, propõe nos fazer imergir na mente de Arturo e explorar suas memórias e interesses românticos. Mas para tanto, é necessário enorme cuidado por parte do roteiro e especialmente da montagem, para que a confusão proposital não enfraqueça o que é buscado pela obra. E, infelizmente, é isso o que acontece.
Com exceção do humor ácido tipicamente argentino e de um ou outro momento mais inspirado, "Arturo aos 30" muito de assemelha a uma junção de esquetes e curtas com situações e núcleos bastante pontuais, cronologicamente misturados e espalhados ao longo de sua duração, cujo ritmo é constantemente quebrado uns pelos outros e sem conter exatamente uma linha condutora eficaz em uni-los.
A sensação que fica é que existem muitas ideias a serem exploradas, e o diretor tem muito a dizer com Arturo. Mas a articulação dos momentos da vida do personagem não é favorecida pela estrutura narrativa adotada, e, dentre toda a confusão, o que de melhor há são alguns momentos bem humorados (vide a cena dos fogos na festa de casamento) e a atuação do próprio Shanly, na pele do protagonista, capaz de bem ilustrar as emoções do personagem, mesmo que o filme não as aproveite tão bem.
Avaliação: 2.5/5
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