Em uma viagem ao passado, no cinema e na realidade, A Teoria Universal brinca com o multiverso à moda antiga.
A temática dos multiversos está em alta no cinema, especialmente após seu uso em filmes de heróis da Marvel e DC (em convenientes muletas), bem como no excelente “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”.
A partir dessa tendência, o cineasta alemão Timm Kröger, na contramão das abordagens tradicionais, optou por uma estrutura diferente, ao situar sua narrativa nos anos 1960, e trabalhar emulando a estética de um cinema de meados do século XX.
O resultado é uma viagem no tempo tão eficaz quanto através de universos paralelos, quando somos colocados na pele de Johannes, um doutorando em física que passa a desconfiar da existência de uma conspiração envolvendo multiversos.
Mesmo que na maior parte do tempo acompanhemos Johannes, em algumas oportunidades a câmera de de Kröger nos convida a sermos testemunhas daquilo que acontece naquela isolada montanha dos Alpes Suíços, mas, assim como o protagonista, sempre estamos atrasados para o que quer que aconteça.
Apesar dessa mudança ocasional no ponto de vista, a sensação que temos é a mesma do personagem, de estarmos imersos em algo maior do que nossa própria existência, e daí vem o questionamento: será que podemos influenciar aquilo que está por vir?
Enfim, entendemos que as vezes é melhor sentir do que entender.
E ao contrário dos que abordam o multiverso por meio da ação, “A Teoria Universal” caminha pelo thriller e o drama, culminando num ato final que surpreende, ainda mais pela alta qualidade dos efeitos, e encerra o filme de forma dolorosamente melancólica, sob uma perspectiva existencialista.
Assim, com “A Teoria Universal” Timm Kröger faz mais ou menos o inverso de Gore Verbinski em “A Cura”: enquanto o segundo explora uma temática comum ao cinema antigo sob a estética de um cinema moderno, o presente filme explora uma temática contemporânea a partir de uma estética que recria o cinema antigo e ficções científicas como “Além da Imaginação”, em uma das grandes surpresas de 2023.
Avaliação: 4/5
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