Uma envolvente história de erros.
Com uma sólida carreira como roteirista e diretor no Irã, Asghar Farhadi chegou a ser indicado ao Oscar de roteiro original em 2012, e seu filme “O Apartamento” venceu o Oscar de Filme Estrangeiro em 2017. Seu mais novo drama, “Um Herói”, assim como “Queime Depois de Ler” e “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes”, é um filme de erros, que se utiliza de ações e consequências para cada vez mais se enrolar, ou melhor, se desenrolar tornando a situação do protagonista mais complicada a cada passo dado.
Porém, ao contrário dos exemplos mencionados, “Um Herói” possui um ritmo diferenciado, e um clima mais pesado. Isso porque a comédia é algo que não se encontra presente para além de algumas poucas linhas de diálogo. E a comédia nem encontraria lugar aqui. A situação do protagonista é bastante séria e complicada, podendo levá-lo a sofrer consequências severas e indesejadas se tomasse decisões ruins. Isso, inclusive, se reflete bastante no estranho ordenamento jurídico iraniano (quando comparado ao brasileiro), do qual senti falta do aprofundamento, mesmo não sendo o foco da obra.
Talvez alguns diálogos, mesmo que expositivos, poderiam ser de grande ajuda para compreendermos o tempo entre os momentos do filme, o que por vezes achei confuso, e também para ampliar o próprio perigo do protagonista. Asghar Farhadi nesse filme traz novamente o mistério como forma de desenvolver consequências, algo que em “Todos Já Sabem” não funcionou muito bem. O diferencial em relação ao filme anterior do diretor é que aqui o mistério não é o ponto central da trama, se não apenas uma forma de alavancar o desenrolar os acontecimentos e movimentar as relações entre os personagens.
Em “Um Herói” talvez possamos ficar perdidos em alguns momentos e sentir a nossa ausência de conhecimento em relação ao estilo de vida iraniano. Ainda assim, é plenamente possível para nós compreendermos o filme e captar suas mensagens, especialmente em virtude do bom trabalho de Farhadi como diretor.
Avaliação: 3.5/5
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