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Foto do escritorHenrique Debski

29º É TUDO VERDADE | Fernanda Young – Foge-me ao Controle, de Susanna Lira (Idem, 2024)

Atualizado: 17 de abr.

Foge-me ao Controle é um convite para conhecer Fernanda Young em um documentário tão autêntico quanto a pessoa biografada.



Tenho uma confissão a fazer: até assistir ao documentário Foge-me ao Controle, não conhecia a excêntrica persona de Fernanda Young. Apesar disso, percebi que ao longo da vida já me deparei e apreciei muito de sua obra, seja por trechos de algumas poesias, que alguém ocasionalmente comentou sobre, e especialmente por seus trabalhos como roteirista, em Os Normais (tanto a série quanto os filmes).

 

Sem conhecer anteriormente sua figura, mas apenas sua obra, o que fica muito perceptível pelo longa de Susanna Lira é a autenticidade de Fernanda Young, em como se expressava sem receios de sofrer críticas e a impulsividade com a qual trabalhava com o que vinha à mente, sempre com o sarcasmo à ponta da língua e um humor ácido mirando na crítica. Tal visão aprofundada pelo documentário apenas revela toda uma sinceridade que havia por detrás dos escritos da artista, a qual nunca escondia seus sentimentos perante a ninguém – pelo contrário, era si mesma o tempo todo.

 

Toda essa exploração da persona de Fernanda Young, bem além de apenas buscar compreender quem ela foi, se fortalece com o rompimento da fórmula tradicional (e fácil) do documentário, fugindo do óbvio ao desenvolver, na tela, toda sua excentricidade a partir do elemento imprevisível, adentrando cada vez mais na vida pessoal e profissional da artista, que encontra justificativa para seus textos, críticas sociais, desabafos e maneira de ser.

 

A montagem descontraída, que sobrepõe entrevistas, momentos triviais e trechos do cinema mudo ilustrativos das sensações do que é dito permitem que a atmosfera documental acompanhe o pensamento e a forma de pensar da biografada, enquanto revela os sentimentos do momento da carreira tratado, e daquilo que sentia quando escreveu determinado livro, poema ou roteiro. Essa construção sensitiva é uma forma eficaz de aproximar a nós, espectadores, do filme, assim como contribui para não o tornar proibitivo ou cansativo aos que não conhecem o trabalho da escritora.

 

Ainda, mais interessante é o olhar de Young sobre si mesma, enquanto todo o extenso trabalho de pesquisa realizado objetiva uma visão que não de terceiros, mas da própria biografada. A preocupação real nunca está em informar seus feitos e meramente apresentar seus trabalhos, mas em aprofundar-se na mente e nos sentimentos da artista através de uma biografia com fortes tons de poesia, exatamente ao seu estilo.

 

É assim que se tem em Fernanda Young - Foge-me ao Controle um dos melhores aproveitamentos possíveis do audiovisual, não apenas como meio de informação, mas como forma de nos fazer sentir e viajar, mesmo que por um curto período de tempo, na vida de outra pessoa, e transitar por mais ou menos da maneira como fluíam seus pensamentos. O retrato final de Fernanda Young que se tem através desta biografia documental dirigida por Susanna Lira é um abraço aos fãs, uma oportunidade dos que não a conhecem terem contato com seu trabalho, e sobretudo, uma homenagem, eternizando, ainda mais, seu legado.

 

Avaliação: 4.5/5

 

Fernanda Young – Foge-me ao Controle (Idem, 2024)

Direção: Susanna Lira

Roteiro: Bruno Passeri, Beto Passeri, Clara Eyer e Ítalo Rocha

Gênero: Documentário

Origem: Brasil

Duração: 87 minutos (1h27)

Assistido no 29º Festival É Tudo Verdade.

 

Sinopse: Ensaio poético sobre a vida da escritora, apresentadora e roteirista Fernanda Young. (Fonte: É Tudo Verdade)

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